COMENTÁRIO DE : CARLOS HERCULANO LOPES - EM CULTURA
A forte presença da cultura africana no Brasil, cada vez mais reverenciada por meio dos orixás, das lendas, do candomblé, da umbanda e das mães de santo, é o tema de Quebranto, novo espetáculo do Grupo Sarandeiros, em cartaz sábado e domingo no Teatro Sesiminas. Essa investida do grupo, que existe há 28 anos, vem no rastro do sucesso do espetáculo Gerais de Minas.
Para Gustavo Cortês, diretor de Quebranto e professor de cultura brasileira na UFMG, a influência africana sobre o Brasil é extremamente rica, mas pouco divulgada. “Isso se deve ao preconceito. Sempre que falávamos sobre a idéia de fazer um trabalho inspirado na vida dos orixás, sentíamos certa resistência, inclusive dentro do próprio grupo”, revela. Vencidas as barreiras iniciais, pesquisas foram realizadas na Bahia, no Maranhão e em Minas Gerais. “A mitologia dos orixás é o fundamento deste espetáculo. Mostramos como eles, antes de se tornarem divindades, realizaram grandes feitos na África. Eram reis e rainhas respeitados por seus povos.
Muitas dessas tradições vieram para o Brasil trazidas pelos escravos, que se encarregaram de preservá-las em seus rituais”, lembra Gustavo. Quebranto significa amaciar, mas, popularmente, a palavra está ligada a mau-olhado. O grupo, integrado por 25 bailarinos, usou técnicas de dança contemporânea e elementos do folclore brasileiro. “Tentamos surpreender, por se tratar de um assunto polêmico, com refinamento e pesquisa cuidadosa das lendas e dos movimentos específicos de cada orixá”, conta Gustavo. “Por meio desse espetáculo, buscamos quebrar barreiras entre a arte, a ciência e a religião, além de valorizar a cultura afro, que se tornou única no Brasil e se faz presente na vida de todos nós”, conclui.
Quebranto - Espetáculo do Grupo Sarandeiros. Sábado, às 21h; domingo, às 20h. Teatro Sesiminas, Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia, (31) 3241-7181. R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada).
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